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Thunder na balança

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A temporada do OKC Thunder acabou de maneira bastante melancólica. Com Russell Westbrook assistindo das arquibancadas, a equipe perdeu em casa para o Memphis Grizzlies após Kevin Durant errar um arremesso simples de meia distância que poderia ter levado o jogo para a prorrogação. O erro de KD fechou com chave de merda uma noite para se esquecer: 5/21 arremessos e 7 turnovers no pior jogo do ala nesta pós-temporada.

Ser eliminado em casa, numa série onde se entrou como mandante, é sempre decepcionante, mas para o Thunder vai além disso. Há pouco menos de 1 ano o mesmo time estava na Final da NBA, liderando o Miami Heat por 1 a 0. Mesmo tendo perdido o título, ficou aquela sensação de que era questão de tempo até o Thunder ser campeão. Era difícil imaginar, na verdade, qualquer time aparecer para evitar uma sequência de muitas finais entre Thunder e Heat.

Kevin Durant

Mas enquanto o Miami Heat conseguiu se reforçar, com a contratação de Ray Allen e até com a chegada surpreendente de Chris Andersen, que todos davam como carta fora da NBA, o Thunder perdeu um de seus principais jogadores. Antes da temporada começar, o General Manager Sam Presti decidiu trocar James Harden por Kevin Martin e o novato Jeremy Lamb. Para quem não lembra da situação, explico: Harden entrava em seu último ano de contrato e queria, para renovar, cifras zilionárias. Ele merece, claro, mas o Thunder já tinha oferecido os tais “contratos máximos” para suas outras estrelas, Durant e Westbrook, além de um salário gordo para Serge Ibaka. Sem acordo financeiro, Presti decidiu trocar Harden enquanto ainda poderia receber algo em troca ao invés de perdê-lo por nada. Conseguiu em Martin um pontuador eficiente, que exige pouco a bola e que estava desesperado por jogar pelo menos uma vez em um time vencedor.

Muitos criticaram Harden na época, dizendo que ele abriu mão da chance de ser campeão pelo dinheiro. Não é bem assim. Harden já abria mão de ser titular, abria mão de inúmeros arremessos, aceitava ser a terceira opção ofensiva e nunca reclamou de não ter a bola na sua mão nos momentos decisivos. Para um cara do talento dele, além de abrir mão de tudo isso, aceitar ganhar menos também era demais. Ficou nas mãos de Sam Presti decidir se assumiriam as pesadas multas e estagnação do elenco causadas por gastar tanto dinheiro só com 4 jogadores, ou se liberariam Harden.

A princípio a troca não foi trágica. Kevin Martin não demorou a se adaptar no elenco e o saldo de pontos do trio Martin, Durant e Westbrook foi fenomenal ao longo da temporada, entrosamento imediato. O problema de não ter mais um cara pra criar jogadas e dar força ao banco de reservas foi, ao longo da temporada, compensado com nova disposição de minutos entre Durant e Westbrook e com o crescimento veloz de Reggie Jackson. Kevin Durant mostrou que pode jogar armando o jogo eventualmente e o Thunder sobrou, acabando o Oeste em primeiro lugar.

Mas foi nos Playoffs que a coisa começou a desandar. Primeiro foi a inédita lesão de Russell Westbrook, sem o armador ficou muito claro como o Thunder precisava de um segundo jogador, além de Durant, atacando a cesta. O ataque ao garrafão é a base de todo o ataque da equipe, abrindo espaços para arremessos, cavando infinitos lances-livres, causando situações de rebote ofensivo, complicando o outro times em faltas coletivas, etc, etc. De repente fazia tanto sentido ter James Harden assumindo o lugar de Westbrook que não deu como não bater aquele remorso. Para piorar, Kevin Martin teve uma pós-temporada muito irregular. Seus 14 pontos por jogo pareceram bons na temporada regular, mas repeti-los nos Playoffs, quando o time precisava compensar Westbrook, foi pouco, sem contar que tinha dia que eram 25 pontos e em outros ele nem parecia estar em quadra. Embora ele deva reassinar ano que vem por uma quantia pequena, já se questionam o quanto ele pode ser confiável vindo do banco com principal reserva.

Além de Westbrook se mostrar humano e Martin não parecer tão bom assim, os Playoffs acabaram com outro mito do OKC Thunder. Kevin Durant, no fim das contas, pode ser tão ineficiente quanto outras estrelas como Carmelo Anthony e Kobe Bryant. Durant sempre foi conhecido por fazer muitos pontos mesmo arremessando pouco, ele pode parecer até discreto em alguns jogos e mesmo assim fazer seus 30 pontos. Mas nos Playoffs, precisando carregar o time nas costas, cometeu muitos erros, forçou arremessos impossíveis, não conseguiu ditar um ritmo para o jogo e pareceu uma daquelas estrelas perdidas em times fracos. O time não era fraco, mas estava sem caminho e obrigou Durant a exagerar.

Thunder Big 3

Isso não tira mérito, moral ou qualidade de Durant. Vendo seu time falhando e nervoso, ele tentou colocar a equipe nas costas, é o que qualquer líder faria, mas foi até estranho vê-lo tentar arremessos difíceis em situações onde normalmente passa a bola e recomeça o ataque. Também foi estranho vê-lo nervoso e principalmente frustrado com os companheiros. Mesmo nas finais do ano passado, quando as coisas não terminaram do jeito que eles queriam, o time parecia confiante, com aquele ar de “ano que vem é a gente”. Não foi. Aliás gosto de lembrar de um momento que o Bill Simmons da ESPN retomou no dia da troca de James Harden: fim do Jogo 5 da Final, Heat destruindo, Scott Brooks tira suas estrelas e lá, no banco, Harden, Durant e Westbrook assistem ao final do jogo abraçados. Eles estavam focados em ganhar aquilo juntos, era um grupo fechado, unido que foi separado por questões financeiras. Não tem como não ser pelo menos um pouco traumático.

O que está feito está feito, não tem porque ficar remoendo a troca pra sempre, mas dá pra gente questionar algumas coisas. Apesar da primeira temporada pós-troca ter dado errado no resultado final, eles ainda tinham muitas chances de serem campeões caso Westbrook continuasse inteiro. O elenco ficou mais magro, com menos opções, mas ainda era bom o bastante para brigar pelo título. E não podemos esquecer que Sam Presti foi criado dentro do San Antonio Spurs, franquia que sempre prezou por não gastar quantias estratosféricas com salários de jogadores e que manteve o seu próprio trio de estrelas sempre se baseando em convencê-los a não receber contratos máximos. Certamente ele pensou nos times que se enchem de contratos enormes e depois tem problemas para fazer as contratações mais simples, sem contar as multas que machucam os chamados “mercados pequenos” como San Antonio e Oklahoma City. Dar um contrato para o Harden seria falar “foda-se, vamos com tudo pra ganhar essa merda”, trocá-lo foi a decisão sustentável.

Deve-se arriscar tudo por um título quando a rara chance aparece, ou o ideal é montar uma franquia sustentável e organizada que possa figurar entre as melhores, e com chance de mudanças caso necessário, o máximo de tempo possível? Não acho que exista só uma resposta certa, mas veremos qual a que serve para o Thunder nos próximos anos. Enquanto lembrarmos da troca de Harden é porque ela ainda não deu o resultado imaginado.


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